“A trágica morte de Amélia Fabrini"

A arte dramática desabrochava em Divinópolis, nos anos 20, impulsionada pelas atividades dos vários grêmios recreativos e literários. Havia saraus com apresentações musicais seguidas de monólogos e declamação de poesias. Incentivadas pela leitura dos clássicos da Literatura, algumas beldades da sociedade divinopolitana abrilhantavam os espetáculos teatrais amadores para uma seleta platéia. As apresentações aconteciam no Cinema Avenida, na esquina da Av. 1º de Junho com Rua Rio de Janeiro. Assim como, no Cinema Divinópolis, ambos além de apresentarem o “cinema mudo” com uma orquestra fazendo o fundo musical, também emprestavam o palco para o teatro amador. Nas peças teatrais se destacavam nomes como: Ataliba Lago, Joaquim Berreca, Aurora Gontijo, Celuta Almeida, Aniceto Almeida, Francisco Azevedo, Lucas Penna e Amélia Fabrini. Amélia Fabrini era a atriz amadora que arrebatava a platéia com sua simpatia e talento. Nascida em Belo Horizonte em 1910, seu pai era ferroviário e se transferiu com a família para Divinópolis. A jovem era educada, culta e muito carismática, além de ser dona de grande beleza. Seu pai era o italiano Luciano (Cherubino) Fabrini e sua mãe era uma parteira famosa, D.a Angelina Fabrini que prestava serviço junto ao Dr. Zózimo. Moravam numa casa na Av. Independência (atual Av. Antônio Olimpio de Morais), exatamente, no local onde se encontra o prédio do Correio. Quando, Amélia conheceu Lourival de Oliveira, ambos se apaixonaram perdidamente. O casal era, tipicamente, um casal de pombinhos. A jovem foi pedida em casamento. Noivaram e marcaram a data para o casamento para 15 de dezembro de 1931. Acontece que, Lourival tinha um lado obscuro que Amélia não conhecia. Andava com mulheres e tinha uma amante possessiva e ciumenta. A amante de Lourival era uma tal de “Sinhá da Maria Joana”. Como dizia o povo: “Sinhá não era flor que se cheire!” Gente esquisita metida em mandingas e feitiçarias. Mas, a desavisada Amélia se casou. A festa foi muito concorrida e bem arranjada. Houve música, dança e os convidados festejaram noite a dentro. Ao final da festa, os noivos se retiraram e se dirigiram para a casa que haviam montado na Rua Minas Gerais. Ao raiar do dia seguinte, 16 de dezembro de 1931, o horror tomou conta da cidade! A notícia caiu como uma faca no coração da população: - Amélia Fabrini, a bela noiva estava morta! Amélia jazia na cama, pela manhã, inerte e fria. Como se dormindo estivesse... O noivo, Lourival de Oliveira, estava em choque e não sabia explicar nada a não ser repetir, incessantemente, a mesma frase: -“Deve ser por causa do abraço forte que eu lhe dei..” A cidade chorou a morte prematura da pobre Amélia. Entre a população correu apenas uma explicação para a trágica morte. Não havia quem duvidasse que aquilo era coisa da Sinhá. Na versão do povo, Amélia havia sido envenenada pela Sinhá da Maria Joana. Nunca ficou nada comprovado, mas foi a única explicação que a população encontrou para esse triste episódio. Referência - (Crônica Salete Michelini baseada nos fatos contidos no livro: Memorial de Divinópolis de Lázaro Barreto e em jornais antigos.)